Quem Somos
A Diocese de Tubarão
A Diocese de Tubarão foi criada em 28 de dezembro de 1954, pelo Papa Pio XII, com a Bula Viget ubique Gentium e oficialmente instalada no dia 15 de agosto de 1955, na posse de seu primeiro bispo Dom Anselmo Pietrulla, OFM. O território foi totalmente desmembrado da arquidiocese de Florianópolis. Até 1998, a diocese compreendia também o atual território da diocese de Criciúma.
Geograficamente a diocese está situada no litoral sul de Santa Catarina e faz parte do bioma da Mata Atlântica, com uma natureza rica em aspectos de serra, montanhas, mar, lagoas, rios, planícies e mangues... Num raio de menos de 100 KM tem-se clima de Serra, acima de 1.400 mts, águas termais e lindas praias. No território há também um “complexo lagunar” que proporciona características sui generis à região e a seu povo, oferecendo um modo de vida próprio às pessoas. Tal graça requer uma consciência atenta quanto à preservação do meio ambiente, possibilitando-se também, às gerações futuras as condições de vida em harmonia com toda a natureza.
A população recenseada pelo IBGE, em 2010, foi de 354.720 habitantes para uma área de 4.524,80 km² composta por 19 municípios. A diocese tem, no momento, 28 paróquias e um pouco mais de 400 Comunidades. Desafios nesta área não faltam e interpelam a missão evangelizadora da Igreja.
Ata de instalção canônica da Diocese
Aos quinze dias de agosto de 1955, na cidade de Tubarão, durante a missa pontifical, celebrada na catedral da mesma cidade, em presença do Exmo. e Revmo. Senhor Bispo Dom Anselmo Pietrulla O.F.M., e ainda em presença do Exmo. e Revmo. Senhor Arcebispo Metropolitano Dom Joaquim Domingues de Oliveira, representado pelo Revmo. Mons. Frederico Hobold, ainda em presença do Exmo. Senhor Governador o Estado de santa Catarina, Sr. Irineu Bornhausen, em presença do Senhor Prefeito de Tubarão, Dr. Arnaldo Bittencourt, em presença dos Revmos. Senhores representantes dos Exmos. Senhores Bispos de Lages, Joinville e Palmas, ainda em presença de demais autoridades feferais, estaduais e municipais, do clero e do povo, foi lida a Bula da Criação da Diocese de Tubarão “Viget ubique gentium” pela qual o Santo Padre Pio XII, gloriosamente reinante, houve por bem desmembrar da arquidiocese de Florianópolis o território ora erigido em própria diocese; sendo ainda no mesmo dia, na mesma ocasião e em presença das mesmas autoridades lido em latim e em vernáculo, assim como a Bula acima mencionada, o Decreto da Nunciatura apostólica do Rio de Janeiro que dá execução da Constituição Apostólica “Viget ubique gentium”, pelo que oficial e canonicamente fica, pleno iure, instituída a Diocese de Tubarão. E, para constar, eu Padre Honorato Piazera S.C.J., secretário ad hoc, lacrei esta, aos 15 de agosto de 1955, que vai assinada pelos presentes.
Dom Anselmo Pietrulla
Mons. Frederico Hobold (representante do Sr. Arcebispo Metropolitadno)
Irinei Bornhausen (Governador do Estado)
Arnaldo Bittencourt
E outras
O Brasão
O Brasão da Diocese contém um escudo oval com uma coroa de ouro e as letras NSP. O escudo é ornamentado com uma mitra branca, a cruz e o báculo. O azul do escudo é a cor própria de Nossa Senhora e da cidade de Tubarão, conhecida como “cidade azul”. As letras NSP lembram a padroeira da cidade e da diocese de Tubarão, Nossa Senhora da Piedade. A coroa de ouro é uma homenagem a Nossa Senhora, rainha e mãe de todas as pessoas. A mitra, o báculo e a cruz são símbolos próprios dos brasões de uma diocese.
Um pouco da história nos seus primórdios
No atual território de nossa diocese de Tubarão habitavam povos indígenas, em especial os carijós. A presença de caingangues e xoclengues, neste período em nosso território é muito incerta. Com os carijós se iniciou, na região da Laguna, em 1538, a primeira missão na tentativa de catequizá-los, sob a presença missionária de Frei Bernardo de Armenta e seu confrade Alonso Lebrón, isto antes que os europeus imigrantes chegassem. Os motivos levados a El Rey de Portugal para justificar a conquista da terra eram os de “implantar a fé católica”. Portanto, “com o colonizador sempre vinha o sacerdote”. Os índios tinham cultura própria e já viviam, por muitos anos, em plena harmonia com a natureza. A memória deles se mantém ainda presente em muitos nomes, como Imaruí, Itapirubá, Mirim, Jaguaruna, Imbituba, em sambaquis, expressões culturais e, inclusive, ferramentas, que são encontradas, com certa facilidade, em algumas regiões. Os índios, também chamados de “bugres”, os que sobreviveram às caçadas, foram praticamente dizimados no território atual da diocese de Tubarão, no final do século XIX e primeira metade do século XX.
Hoje, os poucos descendentes de tupis-guaranis que vivem no interior do município de Imaruí, são migrantes e aí foram nucleados.
Os portugueses, com sua política colonizadora, trouxeram africanos como escravos e ocuparam mais a orla marítima, isto no século XVII. No século XVIII chegam os lusos açorianos que foram estabelecidos nas proximidades do mar e das lagoas. Desenvolveram aí, uma cultura própria, incorporando elementos da cultura dos povos indígenas e eram muito dados à pesca.
Quanto aos negros, estes também trouxeram uma contribuição muitíssimo grande na formação do povo de nossa diocese, tanto cultural, social como religiosamente, não sem antes terem suportado a humilhação da escravidão com muita resignação e silêncio. Com a abolição da escravatura, em 13 de maio de 1888, foram simplesmente postos em liberdade, mas sem direito á terra, moradia e trabalho. Muitos perambulavam, de cá para lá, mais na orla marítima e em especial na região de Tubarão, à procura da sobrevivência. Uns tantos foram acolhidos como mão de obra barata, em casa de colonos, em troca de comida, moradia e vestuário. Como raça, etnia e cor os negros foram mesmo discriminados. Houve na região até Clubes somente para “brancos” onde negros não podiam entrar.
Com o passar do tempo se deu o entrechoque e a miscigenação entre os indígenas carijós, os portugueses, os afro-descendentes e os luso-açorianos. Mesmo assim, apesar de tamanhas dificuldades sócio-culturais da época, se desenvolveu, com atos de fé verdadeira de muitos fiéis leigos e sacerdotes, um modo próprio de evangelização e surgiram, pouco a pouco, as primeiras paróquias da região, a saber: da Laguna, em 1697 (tem-se notícia de que em 1710 já “paroquiava” Laguna o Pe. Francisco da Encarnação); da Vila Nova (Imbituba), em 1753, com seu primeiro vigário nomeado pelo Rei, Pe. João de Borba Fagundes; de Imaruí, em 1833, destacando-se como pastores nos seus primeiros tempos o Pe. Antônio Nunes Barreto e o Pe. César Rossi; de Tubarão (hoje Catedral), em 1836, tendo-se como certo que o primeiro vigário tenha sido o Pe. Jacinto de São Joaquim; do Mirim (Imbituba), em 1856, que tem registrado em sua história como primeiro vigário o Pe. Joaquim José dos Santos e da Pescaria Brava (Laguna), em 1857, recebendo como seu primeiro vigário o Pe. João Mattos da Cunha.
Por volta de 1860 chegaram os alemães da região da westfália para a grande Florianópolis, mais precisamente para a “Fazenda Teresópolis”, hoje parte dos municípios de Águas Mornas, São Bonifácio e Santo Amaro da Imperatriz. Destes, uns tantos logo prosperaram porque receberam terras melhores pelo fato de terem vindo com famílias mais numerosas em filhos. Mais tarde alguns migram para a região de São Bonifácio e descem depois pelo Rio Capivari, chegando à região hoje de São Martinho, Armazém, Rio Fortuna e também Braço do Norte. Os casais com poucos filhos foram destinados à região montanhosa. Estes, após 10 anos de sua chegada, ainda continuavam na miséria. Vendo esta situação Pe. Guilherme Roer, que os assistia em seu pastoreio, intermediou junto às autoridades locais e a Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, para que fosse loteada parte das terras dotadas ao Conde D’eu, hoje região do vale do Braço do Norte. Em 1873, autorizada a colonização, 52 (cinqüenta e duas) famílias alemãs, em verdadeiro êxodo histórico, de posse dos poucos pertences trazidos ainda da Alemanha, descendo pelo vale do Rio Braço do Norte, - que alguns já conheciam devido a incursões anteriores, - chegam e são estabelecidos na região hoje de São Ludgero. Ali floresceu uma forte colonização alemã e também se deu a irradiação de uma Igreja viva, na sua grande maioria constituída de descendentes westfalianos. Essas famílias alemãs, já em 1º de junho de 1877, escrevem para o Bispo de Münster (Alemanha) solicitando o envio de “um bom padre” e lhe prometem obediência e sustento. Em 1889 estabelece residência em São Ludgero o Pe. Franz Topp com abrangência de atendimento a toda a região habitada com descendentes de alemães. Inicia-se um novo estilo de presença religiosa e evangelização junto a essas comunidades.
Sobre esta região o Pe. Franz Topp escrevia um pouco mais tarde, em 17 de setembro de 1890, ao seu bispo, em Münster, na Alemanha: “Como já são 09 meses aqui e já fiz muitas viagens, posso escrever muita coisa sobre aquilo que o senhor deseja saber (...). Braço do Norte começou a ser habitada há 15 anos. As colônias mais ao sul, habitadas, principalmente, por italianos, são Urussanga e Grão Pará, que surgiram há apenas 05 ou 06 anos. Antes disso toda essa região, entre a serra e o litoral, era floresta e lugar de habitação dos índios chamados bugres (...). O Brasil é uma terra fecunda e se desenvolverá com o tempo. Todavia, o progresso é muito lento e não pode ser comparado com o desenvolvimento dos Estados Unidos. A razão está no fato de faltar todo o tipo de indústria. Fábricas, segundo o conceito alemão, praticamente inexistem no Brasil, pelo menos não vi nenhuma. Ferro e todos os produtos de ferro, louças, ferramentas, roupas, mesmo utensílios domésticos e móveis, tudo é importado da Europa” (Pe. Franz Topp, 1890).
Em 1877 chegavam a Azambuja, hoje município de Pedras Grandes, os primeiros imigrantes provenientes da Itália. Estes entram pelo porto da Laguna e sobem, via Rio Tubarão, até Pedras Grandes e o distrito hoje de Pindotiba. Daqui adentram pelas matas e pouco a pouco surgem núcleos de italianos em Azambuja, Urussanga, Nova Beluno (hoje Siderópolis), Nova Veneza, Criciúma, Orleans e arredores. Para atendê-los também chegam padres da Itália. E segue uma história de mais de cem anos.
Hoje o povo é formado por várias etnias. Na sua raiz, destacamos os indígenas, os portugueses, os afro-descendentes, os luso-açorianos, alemães e italianos e outros imigrantes em menor proporção. Disto adveio uma rica miscigenação e nos tornamos, pouco a pouco, brasileiros!
Alguns traços históricos da evangelização neste território
A evangelização, nesta região que hoje compreende a Diocese de Tubarão, tinha, nos seus primórdios, dois modelos/estilos bem distintos. Um primeiro, que se desenvolveu ao redor do “complexo lagunar”, é o modelo da cristandade, de inspiração luso/açoriana, organizada em Irmandades, centrada na devoção aos santos, onde os sacramentos eram buscados conforme a possibilidade do atendimento dos poucos sacerdotes da época, por ocasião dos momentos mais marcantes da vida como a festa do padroeiro, nos batizados, casamentos, enterros, etc. Uma religiosidade laica que tem nos sacramentos um acréscimo e não uma referência para expressar a sua fé.
Outro modo de evangelização, acompanhando os imigrantes alemães e italianos se desenvolve a partir, principalmente, de 1890, de inspiração no Concílio de Trento (1545-63), onde a centralidade está no ministério ordenado. Com os alemães, têm-se, por primeiro, as figuras do Pe. Franz Topp e do Pe. Franz Auling, em 1891, em São Ludgero e com os italianos, em 1901, o Pe. Vitório Pozzo, em Rio Pinheiros, que organizam as comunidades segundo a prática religiosa semanal, de modo especial a observância do domingo, como “desobriga”. As comunidades se reúnem em todos os domingos, mesmo sem a presença de padre. Na falta destes, são postos e instituídos à frente das comunidades os “Capelães”, sempre leigos e homens. Eles são a referência para a vida religiosa na comunidade na ausência do padre. O padre se fazia presente algumas poucas vezes ao ano, quando lá. Devido a essas raízes plantadas em momentos distintos de nossa história, ainda hoje, em tempos de globalização e pós-modernidade, percebemos certas diferenças nas comunidades ditas de origem luso/afro/açorianas e outras de descendência e cultura alemã e italiana.
A situação religiosa a partir da criação da Diocese
Na história da evangelização em nossa diocese, destacamos três momentos que mais se sobressaem. Um primeiro ocorre com a sua criação e instalação, em 1954/55 e se estende até o Concílio Vaticano II (1962-65). Neste período se deu a construção do Seminário Menor Nossa Senhora de Fátima, tão decisiva para a formação inicial de seus novos padres, a criação de várias paróquias e a aquisição da Rádio Tubá, como instrumento e meio de evangelização na diocese.
O segundo momento se deu com a constituição da Coordenação Diocesana de Pastoral, isto a partir do Concílio Vaticano II, quando se buscou uma organização pastoral para a implantação de suas decisões. Dom Anselmo Pietrulla – OFM implementou as propostas conciliares e nomeou uma equipe de coordenação para concretizá-las. A Coordenação de Pastoral deu um novo impulso à diocese conferindo-lhe uma expressiva característica pastoral com Roteiros de Catequese, a criação dos Círculos Bíblicos, depois chamados de Grupos de Reflexão e hoje Grupos de Famílias e a organização das Pastorais e dos respectivos setores. Neste mesmo período, nos anos ‘80, aconteceu o Sínodo Pastoral em nossa diocese, sob o governo de Dom Osório Bebber – OFMCap. Seus frutos, linguagem e algumas estruturas chegam até nossos dias.
Um terceiro momento foi o da criação e desmembramento da Diocese de Criciúma, no governo de Dom Hilário Moser – SDB, em 1998. Por esta razão a diocese de Tubarão teve diminuídos em até 60% os seus quadros humanos e lideranças, paróquias, população, território e recursos materiais, mas foram mantidas, até certo ponto, as suas (grandes) estruturas administrativo-pastorais. Torná-la (a Diocese de Tubarão) uma Igreja com estruturas de evangelização mais leve, a altura dos tempos atuais, continua ainda sendo, em parte, um grande desafio pastoral.
O momento eclesial atual converge a evangelização ao redor de dois eixos, ou centros maiores de gravitação e interesse: de um lado, um Projeto de Plano de Pastoral Diocesano, com uma Pastoral de Conjunto mais bem articulada e orgânica, a partir das Pastorais e de seus Setores e a articulações em Conselhos de Pastoral das Comunidades, das Paróquias, das Comarcas e da Diocese. De outro lado tem-se a presença de Movimentos, como: MFC (Movimento Familiar Cristão), Cursilho de Cristandade, Movimento de Irmãos, Renovação Carismática Católica, Capelinhas da Mãe Peregrina, Movimento Serra, entre outros. Têm inspiração supra-diocesana, com organização, agenda e estrutura próprias. Sentem, por isso mesmo, alguma dificuldade de se comprometerem com um Plano Diocesano de Pastoral, mais de conjunto e orgânico e, por outro lado, manterem o seu carisma, compromissos e orientações próprias do Movimento.
A realidade diocesana hoje
A situação cultural
Estamos imersos, como diocese de Tubarão, num contexto mais amplo e globalizado, segundo nos deram referência a 5ª Conferência de Aparecida (2007), as Diretrizes da Conferência Nacional dos Bispos no Brasil (CNBB) (2008-2010) e as Diretrizes para SC (2009-2011). Vivemos não “somente uma época de mudanças, mas uma mudança de época”. Fortemente nos atingem, a uns mais que a outros, a crescente fragmentação sócio-cultural, a crise do projeto civilizacional moderno, quando a razão e as ciências se impõem como realidades absolutas, sem espaço para a fé, sem abertura para a transcendência e a experiência de Deus. Perdeu-se a concepção integral do ser humano reduzindo-o apenas a algumas de suas dimensões. Supervaloriza-se a subjetividade e se põem em choque mesmo os vínculos familiares e os das comunidades. Diluem-se também entre nós a cultura e a religião. Gera-se assim uma crise profunda de sentido e se busca refúgio no emocionalismo e no tradiocionalismo.
Confere-se também uma rápida urbanização em alguns municípios de nossa diocese. Em SC, pelo senso de 2010, mais de 84% da população total já vive nas cidades e se concentra em cidades mais próximas ao mar, um fenômeno chamado de “litoralização”. Na Diocese de Tubarão a urbanização se dá mais acentuadamente em Capivari de Baixo (91,4%), Tubarão (90,6%), São Ludgero (89,7%), Braço do Norte (80,5%), Laguna (78,8%), Jaguaruna (76,3%) e, ainda, Imbituba. Em contrapartida, entre nós, destaca-se, a migração de nossos jovens, não somente para as maiores cidades em nossa diocese, mas também para fora dela, em busca de melhores oportunidades para avançar nos estudos e garantir trabalho e emprego. Prevê-se, com a duplicação da BR101, que o município de Imbituba, devido ao Porto marítimo e a região de Jaguaruna/Sangão, com o Aeroporto Regional, terão no futuro próximo um desenvolvimento mais rápido e acentuado com esperanças de melhores oportunidades para as pessoas.
Quanto à educação menos de 2% se declararam analfabetos. Por outro lado, praticamente inexiste a universidade pública gratuita em nosso território o que faz com que muitos jovens não continuem os estudos após o ensino médio ou então migrem para outros centros fora da diocese. Somente em Laguna existe um Campus da Universidade para o Desenvolvimento de SC (UDESC). Universidades Particulares temos em Tubarão - Universidade do Sul de SC (UNISUL) com uma extensão em Braço do Norte e o SENAC; em Capivari de Baixo – FUCAP; em Orleans - Centro Universitário Barriga Verde (UNIBAVE).
A situação sócio-política
Somos uma diocese, com área de 4.524,8 Km², formada por 19 municípios que, segundo o IBGE, em 2010 somavam 354.720 habitantes como uma densidade média de 77,7 habitantes por Km².
A situação econômica e ecológica
Na área de abrangência da diocese de Tubarão não há nenhum grande pólo industrial. Basta dizer que a maior cidade da diocese (Tubarão) tem a base de sua economia no setor terciário (comércio e serviços), - juntamente com a agricultura e a pecuária são de grande importância para o bem estar de um bom número de nossas famílias diocesanas. As indústrias de maior porte, entre nós, situam-se em cidades menores como em Braço do Norte, São Ludgero, Orleans, Sangão.
Ao redor do “complexo lagunar” se faz sentir mais fortemente a dificuldade econômica, por se constituir ainda no bolsão de maior pobreza entre nós, com a ausência de maiores iniciativas na produção industrial e é fraco também o comércio. Com isso não há oferta de empregos e nem de outros serviços e quando existem muitos deles são informais. Com isso constata-se que atualmente grande número de famílias busca os recursos para a sua subsistência fora de sua região. Comercialmente os portos de Laguna e Imbituba, - este um pouco mais, - são ainda pouco significativos, apesar de, com a duplicação da BR101, pairarem maiores esperanças para Imbituba. A pesca marítima carece de maior infra-estrutura e em grande parte ela é ainda de mera subsistência, feita por pescadores artesanais, que lutam contra a pesca industrial, feita nas proximidades de nossa costa. É uma verdadeira luta de “Davi contra o Golias”. Como se ainda não bastasse estes pescadores sofrem com a poluição nas lagoas, proveniente dos rejeitos da extração do carvão mineral, pelo uso excessivo de agrotóxicos, pelos dejetos agro-industriais, sobretudo da suinocultura e pela falta de saneamento e tratamento do esgoto cloacal da maioria das residências, das cidades ao longo do Rio Tubarão e de seu principal afluente, o rio Braço do Norte, exceção para São Ludgero e Orleans onde mais de 90% das residências têm já esgoto tratado. Tudo desemboca no “complexo lagunar”. Vemos assim que em nome do fator econômico e pela falta de conscientização ambiental, classes como rizicultores, pescadores e suinocultores, entre outras, não se respeitam. Ademais paira a possibilidade de vir a concretizar-se a extração de fosfato, em Anitápolis, nas cabeceiras do Rio Braço do Norte. Pelas avaliações técnicas e impondo-se o modelo extrativo previsto até o momento, dar-se-ia, gradativamente a definitiva morte deste rio, de tanta importância, cortando o coração da diocese. E existe uma visceral interdependência entre os problemas e as soluções para as três comarcas pastorais: Braço do Norte, Tubarão e Laguna.
Com relativa felicidade o agro e o hidronegócio não têm maior expressão em nossa diocese, a exemplo da extensiva monocultura do “pinus eliotis” e da agroindústria dos “integrados”, em outras regiões do Estado. Preocupa-nos, antes, a falta de tratamento dos dejetos da suinocultura e agora também a gradativa expansão do cultivo do pinus eliotis, sobretudo nas encostas da Serra Geral. É motivo de preocupação também a monocultura do plantio do eucalipto, como mera fonte de renda, provocando acentuada diminuição no volume de nossas águas em especial nas suas nascentes, em sempre maior número de pequenas propriedades que acabam nas mãos de poucos, devido ao êxodo das famílias originárias. A agricultura familiar, no Estado e no Brasil, é responsável por mais de 70% da produção agrícola de alimentos. Entre nós a comarca de Braço do Norte é a região mais expressiva na agropecuária. Com felicidade ali assistimos ao nascer de pequenas indústrias que se ocupam dos produtos da agropecuária, agregando valores. Cresce o turismo rural, o religioso e o próprio de cada estação, mais à beira-mar, não sem o entrechoque entre a população nativa e a transitória no veraneio.
A situação religiosa
O povo da diocese de Tubarão, presente nas 28 paróquias e em um pouco mais de 400 Comunidades. Declara-se católica ao redor de 90%. As demais denominações religiosas, perfazendo ao redor de 8% da população, detêm/somam mais de 500 (quinhentos) templos, presentes nas 366 Comunidades que responderam ao Questionário Prospectivo (QP). Os templos mais numerosos são da Assembleia de Deus (212), Igreja Quadrangular (47), Congregação Cristã do/no Brasil (46), Adventistas do 7° Dia (44), Igreja Universal do Reino de Deus (26), Testemunhas de Jeová (25), Deus é Amor (21), Assembleia de Deus Independente (09), Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (08) e, outras (41). Os Centros Espíritas identificados foram 29 (vinte e nove). O número das pessoas que se confessam sem religião e sem fé é ainda pequeno, somando ao redor de 1,5% da população. Constata-se, porém, a sempre maior perda da identidade católica, dos assim ditos “cristãos (católicos) sem Igreja”, os sem pertença, os afastados, os sem práticas e sem vínculo algum.
Em se falando de práticas religiosas na diocese de Tubarão, 51% dos católicos dizem ir à Igreja pelo menos uma vez na/por semana, isto não necessariamente aos domingos para a Missa ou o Culto Dominical (a Celebração da Palavra), mas muito expressivamente para as Missas da Saúde, Novenas e Grupos de Oração da RCC. Os católicos de prática quinzenal na Igreja estão ao redor de 15% e os de prática mensal, 11%. Os demais são de freqüências ocasionais e em torno de 1% afirma nunca freqüentar a Igreja.
Em nossa diocese é também marcante a religiosidade popular que mantém viva a fé do povo simples. As manifestações mais expressivas são a devoção mariana com seus múltiplos títulos, a devoção aos santos, novenas, festas de padroeiros, procissões, - aqui lembrando com maior destaque a do Senhor dos Passos, em Tubarão e Imaruí, - caminhadas, romarias e peregrinações a santuários. Contudo já se divisa e se constata uma mentalidade individualista e intimista na religião, de um grupo que vai crescendo. Alguns escolhem a religião mais por conveniência, por agrado, ou, ainda, com um fim utilitarista.
A presença de religiosos e religiosas, no atual território de nossa diocese foi sempre muito significativa, tanto no campo da saúde hospitalar, na educação e também na inserção pastoral. Praticamente nenhum Hospital surgiu sem a presença de religiosas. No ramo masculino, já antes da criação da Diocese, estava presente a Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus (SCJ – Dehonianos), inicialmente em Vargem do Cedro e Tubarão (hoje Catedral). Fundaram o Colégio Dehon, futuro berço da Fundação Educacional do Sul de Santa Catarina (FESSC), atual Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Os Padres Capuchinhos atuaram em Imaruí. Posteriormente vieram os Padres Josefinos de São Murialdo, estabelecendo-se em Orleans onde construíram o Seminário São José e com atuação expressiva na Pastoral Vocacional. Quanto ao ramo feminino, as pioneiras foram as Irmãs da Divina Providencia. Chamadas da Alemanha para acompanhar os imigrantes alemães, elas atuaram fortemente na pastoral paroquial e na educação, em São Ludgero. Na saúde hospitalar, em Tubarão, fundaram o Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), hoje o maior em número de leitos em SC. Por um tempo marcaram também presença no Hospital em Laguna. Na educação, além de São Ludgero, nos seus primórdios, hoje atuam em Colégios como no Stela Maris, em Laguna e no Colégio São José, em Tubarão. Um ramo delas, - as Irmãs da Fraternidade Esperança, - com a criação da Pastoral da Saúde, dedica-se ao Centro de Orientação Alternativa Água Nascente (ORIALAN), em Imbituba. As Irmãs do Instituto Coração de Jesus/Serviam, chegam nos anos ’50, em Braço do Norte, onde têm sua Casa Mãe no Brasil e a única Sede Provincial em nossa Diocese. Sempre tiveram forte atuação na Pastoral em paróquias e na Coordenação Diocesana de Pastoral. As Irmãs Beneditinas da Divina Providência atuam em Laguna, no Asilo Santa Isabel e em Imbituba, no Hospital São Camilo. Outras Congregações que vieram posteriormente: as Irmãs Filhas da Caridade, para Orleans; as Irmãs Sacramentinas de Bérgamo, para a educação no Lar da Menina, em Tubarão; as Irmãs Catequistas Franciscanas em escolas públicas em Rio Fortuna, Azambuja (Pedras Grandes), em Treze de Maio e Tubarão; as Irmãs Missionárias do Santíssimo Sacramento, no Colégio Santíssimo Sacramento, em Oficinas; as Irmãs Franciscanas de São José, na saúde e na ação Pastoral, em Braço do Norte, Armazém, São Martinho, Vargem do Cedro e Tubarão. Mais recentemente chegou o Instituto Nossa Senhora do Bom Conselho, para a residência episcopal. Algumas Congregações já não atuam mais entre nós, a saber: na saúde hospitalar, as Irmãs Salvatorianas nos Hospitais em Laguna e em Imaruí; as Irmãs do Imaculado Coração de Maria em Pedras Grandes; as Irmãzinhas da Imaculada Conceição, em Imbituba; as Irmãs Filhas do Imaculado Coração de Maria, na residência episcopal e as Irmãs da Caridade de Jesus (Myasaki), na Casa de Encontros Dom Anselmo (CEDA).
O atual momento (2015) a diocese está ordenando os primeiros diáconos permanentes. A comemorar temos um grande dinamismo pastoral que procura responder às interpelações dos tempos atuais. As Escolas Diocesanas de Teologia, Fé e Política, Evangelização da Juventude e Vocacional e as Escolas Paroquiais de Formação de Lideranças realizam grande esforço para serem espaço permanente de capacitação dos leigos e leigas para atuarem eficazmente em seus diferentes ministérios.
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